domingo, 21 de dezembro de 2014

Trocar constantemente de investimento é um grande erro

Por  - O PEQUENO INVESTIDOR
Muitos investidores acreditam que é importante trocar constantemente de investimentos a fim de conseguir a melhor rentabilidade possível. Afinal, os investimentos que foram bons em um ano não necessariamente terão uma boa rentabilidade no ano seguinte; o melhor, portanto, é trocar de investimentos constantemente. Mas esta é uma opção arriscada para o investidor médio.

Cuidado com os custos de transação

Um primeiro motivo pelo qual esta é uma estratégia arriscada diz respeito aos custos de transação. Comprar e vender investimentos normalmente vem acompanhado de muitos custos, especialmente com impostos e taxas de custódia.
Alguém que venda constantemente seus títulos do tesouro direto ou cotas de fundos de renda fixa, por exemplo, enfrenta uma alíquota maior de imposto de renda – que varia entre 22,5% para investimentos resgatados em prazo inferior a 6 meses e 15% para investimentos resgatados após dois anos. Esses 7,5% podem fazer uma grande diferença no final das contas.
Veja a seguinte tabela, que ilustra esse ponto:
Snapshot 02 11 12 19 38 2
Na tabela, está descrita a situação de dois investidores que aplicam recursos no tesouro direto. No primeiro caso, está a situação de um investidor que gira bastante seu patrimônio entre os títulos do tesouro direto. Ele consegue, em média, uma rentabilidade anual de 11%. Na segunda tabela, em verde, está a situação de um investidor que mantém maior estabilidade em seus títulos. Ele não consegue uma rentabilidade tão grande quanto o primeiro, mas apenas uma rentabilidade anual de 10%. Ambos resgatariam seus investimentos ao final de 10 anos.
Ou seja, todo o expertise do primeiro investidor garante a ele uma rentabilidade superior em 10% à rentabilidade do primeiro (e garante 1% a mais em rentabilidade total). E mesmo assim o resultado final dele é pior do que o do segundo porque, ao girar constantemente os títulos, ele tem que pagar mais impostos do que o segundo (22,5% contra 15%). Enquanto ele gasta R$ 36.760,60 com imposto de renda, o segundo investidor gastaria apenas R$ 23.906,14 – e, por causa disso, no fim das contas ele obteve rentabilidade líquida superior à do investidor que, embora tenha obtido rentabilidade bruta superior, teve rentabilidade líquida final inferior – porque rodou demais a carteira e, por isso, pagou mais impostos.
A mesma lógica pode ser aplicada ao mercado de ações. Quem roda menos a carteira paga menos impostos e menos taxas de corretagem – o que, no longo prazo, pode fazer uma diferença danada.

Não superestime sua capacidade de identificar posições vencedoras

Alguém poderia ainda apresentar uma outra objeção: “ah, Fábio… você foi muito conservador ao estimar que o investidor ativo obteria apenas 10% a mais de rentabilidade do que o investidor passivo, que permanecesse atrelado a sua posição por um período indefinido de tempo”.
O problema dessa objeção é que ela superestima a habilidade de uma pessoa identificar posições vencedoras. Lembre-se de que estou escrevendo para pessoas que, na maior parte do tempo, estão ocupadas trabalhando e não têm tempo para estudar pormenorizadamente seus investimentos. Mesmo pessoas que passam o dia estudando o cenário econômico e as peculiaridades de cada investimento têm dificuldade de superar o benchmark; avalie a dificuldade de uma pessoa média, que mal tem tempo pros seus afazeres diários!
Um investidor ativo correria grande risco de, além de pagar muitos impostos, ainda ter rentabilidade bruta inferior à de um investidor passivo que fizesse uma boa alocação de ativos.
Ou seja, em qualquer quadro, trocar constantemente de investimento é um erro que pode custar muito ao pequeno investidor.

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