O investidor brasileiro precisará aprender a investir em renda variável
Não tem jeito: com queda histórica da taxa de juros e o aumento da inflação, o investidor de longo prazo precisa começar a pensar em alternativas de investimento. Há 18 anos, em março de 1995, a taxa Selic mensal estava em 4,26%; em fevereiro de 2013, foi de 0,49%. Em 1995, alguém que tivesse seu patrimônio investido em renda fixa que replicasse a Selic, teria uma rentabilidade nominal de 53,05% – e, mesmo descontando a inflação de 22,41% (IPCA), teria um ganho espetacular. Em 2012, o mesmo investimento traria uma rentabilidade nominal de 8,48%, pouco acima do IPCA de 5,83%.
Veja o gráfico de evolução mensal da Selic ao longo do período assinalado:

Incrível o que se pagava de juros há apenas 18 anos, não é mesmo? Pode parecer muito tempo, mas não é. E isso tudo significa uma coisa: se a tendência de juros mais baixo realmente se consolidar – movimento que tem se afirmado nos últimos 18 anos -, o investidor brasileiro terá que começar a pensar em alternativas na renda variável.
Renda fixa é para proteger patrimônio; renda variável, para apimentar o crescimento
O brasileiro se acostumou com juros altos. Afinal, pra que correr riscos no mercado de renda variável, se era possível conseguir rendimentos superiores a 20% ao ano, com grande folga sobre a inflação, na segura renda fixa? Esse pensamento fazia muito sentido há 10, 15 anos. E isso explicou grande parte do torpor da economia brasileira naquele período; afinal por que alguém seria louco de investir na economia real, com os
riscos inerentes, se teria garantido o pagamento de juros tão altos? Era mais ou menos como ser um agiota dentro da mais perfeita legalidade.
Por muito tempo, a renda fixa teve duas funções no país: preservar o capital e aumentar seu poder aquisitivo. Com a queda dos juros, sua função, paulatinamente, será exclusivamente a de preservar o poder aquisitivo do capital, retornando juros pouco superiores à inflação medida pelo IPCA.
Quem quiser ver seu patrimônio crescendo e acumular juros compostos, terá que começar a diversificar seu portfólio na renda variável e mesmo em outros produtos de renda fixa, como LCI, LCA, debêntures – que, mesmo assim, não estão apresentando juros muito mais altos que a Selic. No fundo, todo mundo que pretenda acumular o suficiente para o futuro terá que investir mesmo em renda variável – ações, fundos de investimento imobiliário e outros fundos. Quem quiser ganhar mais, vai ter que arriscar mais – exatamente como no resto do planeta.
Cada vez mais, a renda fixa terá que ser utilizada apenas para a preservação do capital – para garantir despesas de curto e médio prazo. Mas a acumulação de patrimônio será feita por meio da renda variável. Muitos estão iludidos com a baixa rentabilidade do mercado de ações nos últimos anos, mas é por isso que esse mercado é de renda VARIÁVEL. Em determinados momentos, há lateralização em níveis baixos – e em outros, há picos de rentabilidade absurda. Com um pouco de estudo e de perseverança, contudo, essa volatilidade opera a favor do investidor, possibilitando ganhos recompensadores no longo prazo.
Portanto, mãos à obra na construção de uma carteira diversificada!
Por Fábio Portela - O Pequeno Investidor
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